15.3.11

terceiro ano: 1996

Coisas do Homem

Dá uma tristeza tanto sonho por aí jogado,
tantas esperanças descendo enxurrada
abaixo com a terra enlameada,
como um lixo sem valor.
São choros em cada esquina,
mãos a levantarem pedindo a cada
um que passa. Tanta humilhação.
Lutas pela sobrevivência,
contrastes em cada beco
com mansões a esquerda
e barracões a direita.
Sofrimento animal, trabalho brutal.
Ilusões em cada esquina,
ofertas generosas de vida fácil
que acaba sempre na escuridão
de um vício irreversível, de uma entrega
anti-moral ou de uma rápida corrida
fugindo de perseguições.
E tantas outras escuridões
que toldam a visão do Homem.
Coisas da vida ?
Não dá nem para entender
se queremos sempre que a vida
seja boa, mas nunca tentamos
contribuir para que ela melhore.
Então não são coisas da vida,
mas sim coisas do Homem.
02.02.96


Basta de Violência Hoje

Será que não basta existir tanta guerra
pelo poder ainda precisa vir você e querer
brigar comigo apenas por um lugar no show?
Será que não basta existir pessoas más
que matam por prazer ainda precisa
vir você e me matar as ideias
positivas e produtivas do coração?
Basta de violência hoje,
será que não basta existir fome
e desunião no mundo, ainda precisa
vir você e me tratar mal apenas
por eu te pedir apoio e compreensão ?
Será que você não entende e não sente
que basta de violência hoje,
que existem crianças, existe inocência,
amor, união.
Sentimentos diversos
prontos para serem postos para fora
sem ser preciso usar a violência.
Basta de violência hoje.
Em vez de armas,
use a flor,
use amor.
Pois quem, meu Deus quem
resiste ao amor?
19.02.96


Penso

Sou o mundo,
sou a vida.
Vivo a toa,
vivo a deriva.
Se sorrio
ou se choro,
penso, penso...
não demoro.
05.07.96 




Terra Hospitaleira

O instante do regresso
obriga todos a partir.
Vão em busca do progresso
não sabem para onde ir.
Como as nuvens do céu
como as ondas do mar
saem em grupos de amigos
sem saber se vão voltar.
Nos caminhos pedregosos
sonham um dia regressar
para sua terra hospitaleira
que nunca desejaram deixar.
17.09.96 


 


Se Faça Refém

Se o brilho se apagou
e a noite chegou,
se o horizonte está escuro
e o futuro é obscuro.
Procure alguém, se faça refém
das emoções pulsantes.
Só queira um amor
que te dê uma flor,
que te faça sorrir
e te faço sentir estar viva,
estar para vida.
18.09.96


Verbusando

Penso sento. Sinto frio.
Lenço sofro. Grito rio.
Deito fico. Arrepio.
20.07.96




Opostos

Você se vê diante de uma calmaria
desejando fortemente uma tempestade.
Se vê diante de um forte
desejando ardentemente estar numa ponte.
Se vê diante de um monstro
desejando um anjo.
Se vê pegando em rosas
mas adoraria ter os espinhos.
Se vê entre alegrias
e sem notar lhe vem junto a tristeza.
Se vê diante do amor
e quer apenas a solidão.
Sempre opostos
são os desejos do coração felizmente, 
algumas vezes, inalcançados.
08.12.96



Cenário de um fim

Percorria solitária as ruas
com lágrimas nos olhos
e sorriso triste nos lábios.
Caminhava sem rumo,
seguindo apenas em frente
como se fosse o certo a fazer.
Mas no fim do caminho
estrada de caminhões.
Os pés alados em frente seguiam.
E como em câmera lenta:
um freio, um grito, um encontro ...
voou sonhando com a eternidade.
08.12.96 




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