16.3.11

Décimo ano - 2003

Mudanças

As pessoas mudam ...
mudam de casa,
de nome.
Mudam os móveis da sala,
do quarto.
Mudam a cor dos olhos,
dos cabelos.
Se envolvem em grandes mudanças
de sistemas, de cenários ...
Existem grandes transformações ocorrendo,
só que muitas vezes
são apenas fora.
Nunca dentro de cada um !
20.12.03 


Nono ano - 2002

A viagem

Na viagem do absurdo
vemos as estradas
para o desconhecido.
Enfrentamos os perigos,
sofremos desapercebidos,
seguidos descrentes
com ânsia de um dia chegar...
Procurando desencanto
para melhorar.
Fugindo de uma fuga
que parece nunca acabar.
22.07.02 


Vida
 
Podemos estar aqui hoje,
amanhã não mais ...
Poucos percebem
a efemeridade da vida,
muitos a desperdiçam.
Como num círculo vicioso,
a vida segue entre todos,
empurrando.
Derrubando.
Amparando.
Acompanhando jamais,
pois é ela quem
segue na frente,
abrindo caminhos
para todos que irão passar.
22.07.02


Vai ...

Uma dor transpassa
os véus que protegem
o seio dos meus sonhos.
Vai rasgando, abrindo caminho
pelos corredores iluminados,
levando a sombra
para onde antes brilhava a luz.
Vai corroendo a certeza,
invadindo os lugares secretos
que só tinham canção.
Vai crescendo, se tornando forte,
ampliando-se até
onde jazem inquietos
os pensamentos de amor.
12.08.02



Sua criação

Criando
te fiz presente
ao meu lado.
Desenvolvi
teus sonhos e desejos,
querendo tê-lo
só para mim.
Uma doce ilusão
que ao se mostrar
na sua plenitude,
deixou grandes crateras
na alma que achava dominar.
De dominadora
tornou-se dominada
pela dor e angústia.
Sua criação nunca existiu.
24.11.02




Oitavo ano - 2001

Andando pela rua

Não sentimos nada.
Fecha-se os olhos
pra esconder a angústia.
Não escutamos nada,
existem muitas súplicas.
Não queremos enxergar,
nem sentir ou socorrer,
compreender, gritar ...
Quero um abraço, me dá algo ...
Como nos aproximarmos do outro
se estamos de olhos fechados
sem sentir, sem tocar,
tendo medo de se entregar.
E onde estamos agora ?
No meio da multidão sem vê-la ...
Abrace-me, tenho um mundo nos meus olhos,
temos sonhos em volta.
Só queremos sentir,
nem que seja uma lágrima tua a me tocar
ou um raio da lua brilhar no teu olhar.
09.05.01

Há uma luz

Às vezes as noites são muito escuras,
os caminhos parecem fechados aos nossos passos,
os pensamentos se escondem na escuridão.
Às vezes tudo parece estar errado,
perdem-se os rumos da caminhada.
Os pés se cansam, grudam no chão,
nada se enxerga à sua volta
nem mesmo a sua respiração é ouvida.
As vezes acha-se até
que está sozinho no mundo
e que nele não se consegue sobreviver,
mas mesmo que acredite em tudo isso
e um dia resolver parar ...
Em algum momento há de
vislumbrar uma luz,
sempre há uma luz...
E é por ela que não paramos.
No último minuto não paramos,
resolvemos continuar.
13.06.01



Vimos 

Vim
vê-lo.
Vieste
ver-me.
Volte-me
vagarosa.
Voltou-se
vigoroso.
Vimos ...
vergou-se
visão de nós.
Valores encontrados,
viagem de sonhos.
Voltamos juntos.
14.06.01



Sétimo ano - 2000

Ações

Vamos contar estrelas
nesse imenso céu
e refletir as riquezas
que compõem esse véu ?
Cantar bem alto
o amor que lhe fluir
é desgastar os ouvidos
de quem não lhe retribuir.
Confiar teu bem amado
aos caprichos do destino
é acabar sofrendo
por quem não tem desatino.
Caminhar pela vida
em busca de uma paixão
só termina no momento
em que tua sina é a solidão.
29.02.00

A trajetória do tempo

Voando o tempo
pousou no sonho
que era nuvem azul.
O vento arredio
teve ciúmes,
soprou bem forte
derrubando-o das nuvens
veio caindo do céu
numa rapidez sem igual,
parecia estrela cadente
veloz na noite ensombreada.
Na trajetória surgiu
uma mão que amparou a queda.
Era o desconhecido destino
que ninguém sabia por onde andava,
mas que uma vez por outra surgia
mudando as condições
pela qual o tempo passava.
17.09.00


Vale a pena

Por mais que falemos,
por mais que leiamos,
por mais que vejamos,
se não sentirmos
de que adiantou ?
Mas sentir ao menos o desejo
já valeu a pena.
07.10.00

Olhos
Nos seus olhos
vejo ruas,
cidades inanimadas.
Circulam rostos incógnitos,
quase suspensos pelo ar.
Vejo rios, cachoeiras,
barcos a afundar.
Tempestades destruindo portos
onde pessoas
tentam se abrigar.
Vejo frio e calor
que esfriam minha dor
e aquecem meu amor.
Vejo sonhos
que se unem aos meus.
Somos os mesmos olhos.
02.11.00 








sexto ano - 1999

Procura-se

Procura-se um mar calmo
para descobrir os segredos
de suas profundezas.
Um campo verde
para correr livre
em busca dos momentos perdidos.
Um céu azul imenso
para fazer o coração sonhar.
Uma brisa doce e fria
para fazer as lembranças
surgirem sempre nas noites insones.
Um olhar
profundo, sincero.
Apenas um olhar.
04.01.99


A luz e a escuridão

Estamos juntos em muitos momentos,
estamos separados em raras ocasiões.
Sentimos em união
tanto dor, quanto alegria.
Porém somos estranhos,
um é luz,
outro escuridão.
01.06.99

Dentro de você


Não adianta fugir
se está dentro de você.
Pode ir para os lugares
mais distantes,
se afastar de tudo,
já está dentro de você.
Por mais que o lugar seja deserto
estará acompanhado,
sozinho não se sentirá.
Não adianta fugir
em todo lugar que estiver ou for,
lá ele estará
até acompanhar.
18.09.99

Por você espero

Ao meu redor
tudo é deserto,
sinto falta de você
que não vem me preencher.
Nos corredores frios
gente morre e sofre,
todos estão sozinhos,
espíritos sós e doentes.
Sinto a falta nesse dia
da sua presença,
também quero curar-me.
Será que um anjo
virá me visitar ?
Por você espero.
09.12.99



quinto ano - 1998




Essência

Tão insignificantes, mas simplesmente essenciais.
Quem diria que vale ter o vento,
quem diria que vale ter o silêncio,
e de que importa sentir o cheiro, o perfume,
menos importante ainda é ver o tempo, ver o infinito,
dispensável mesmo é ter alguém,
é ter coragem, é ter fé...
Mas nada importa mesmo ?
Sim, tudo tem um sentido,
tem seus significado e é importante
por mais simples que seja
é sempre essencial.
26.06.98 

 
Palavras certas

Só o tempo indicará o que está escrito
no compasso das linhas retas.
O incerto dos pensamentos correrá livre,
buscando palavras certas
para o livro aberto dentro do peito.
Dispersos pássaros voam
nas gravuras impressas das páginas.
Buscando... procurando... estão livres...
e é nessa liberdade que se vive:
desilusões, incertezas, encontros,
sensações, amores...
28.07.98
 


15.3.11

quarto ano: 1997

A Vida que queremos

Fuja, corra, procure campos verde, 
encontre flores vermelhas.
Agarre as chances inexplicáveis, as alegrias.
Descubra-se, revele-se.
Percorra caminhos inexplorados,
persiga seus objetivos,
viver é o que vale.
Amar, chorar, sentir.
É essa a vida que queremos.
31.07.97
Naquela estação

Veio alguém um dia correndo pela estação,
passou ao meu lado e me arrancou o coração.
Levou consigo meu sorriso.
Saiu andando bem calado.
Tentei perseguir esse ladrão
mas ele sumiu na multidão.
Não consegui, perdi-o...
Um buraco, um vazio no peito
e a inexistência de um ser.
01.08.97



A bela rosa 

Era uma bela rosa,  solitária, triste,
cercada de espinhos na imensidão do jardim.
De aparência frágil, era forte.
Suportava ventanias, chuva e sol.
Estava sempre a perfumar
a vida dos que passavam.
Vivia para isso, era sua missão:
ser bela, mas forte.
Ter espinhos, mas perfumar.
Até o dia do botão fechar
e no jardim restarem só os espinhos
com o perfume pelo ar.
03.09.97

Uma janela

Uma janela aberta dentro do peito,
como uma ferida.
Não que sangre ou que doa,
mas lembra o perfume
de flores vermelhas.
30.11.97






terceiro ano: 1996

Coisas do Homem

Dá uma tristeza tanto sonho por aí jogado,
tantas esperanças descendo enxurrada
abaixo com a terra enlameada,
como um lixo sem valor.
São choros em cada esquina,
mãos a levantarem pedindo a cada
um que passa. Tanta humilhação.
Lutas pela sobrevivência,
contrastes em cada beco
com mansões a esquerda
e barracões a direita.
Sofrimento animal, trabalho brutal.
Ilusões em cada esquina,
ofertas generosas de vida fácil
que acaba sempre na escuridão
de um vício irreversível, de uma entrega
anti-moral ou de uma rápida corrida
fugindo de perseguições.
E tantas outras escuridões
que toldam a visão do Homem.
Coisas da vida ?
Não dá nem para entender
se queremos sempre que a vida
seja boa, mas nunca tentamos
contribuir para que ela melhore.
Então não são coisas da vida,
mas sim coisas do Homem.
02.02.96


Basta de Violência Hoje

Será que não basta existir tanta guerra
pelo poder ainda precisa vir você e querer
brigar comigo apenas por um lugar no show?
Será que não basta existir pessoas más
que matam por prazer ainda precisa
vir você e me matar as ideias
positivas e produtivas do coração?
Basta de violência hoje,
será que não basta existir fome
e desunião no mundo, ainda precisa
vir você e me tratar mal apenas
por eu te pedir apoio e compreensão ?
Será que você não entende e não sente
que basta de violência hoje,
que existem crianças, existe inocência,
amor, união.
Sentimentos diversos
prontos para serem postos para fora
sem ser preciso usar a violência.
Basta de violência hoje.
Em vez de armas,
use a flor,
use amor.
Pois quem, meu Deus quem
resiste ao amor?
19.02.96


Penso

Sou o mundo,
sou a vida.
Vivo a toa,
vivo a deriva.
Se sorrio
ou se choro,
penso, penso...
não demoro.
05.07.96 




Terra Hospitaleira

O instante do regresso
obriga todos a partir.
Vão em busca do progresso
não sabem para onde ir.
Como as nuvens do céu
como as ondas do mar
saem em grupos de amigos
sem saber se vão voltar.
Nos caminhos pedregosos
sonham um dia regressar
para sua terra hospitaleira
que nunca desejaram deixar.
17.09.96 


 


Se Faça Refém

Se o brilho se apagou
e a noite chegou,
se o horizonte está escuro
e o futuro é obscuro.
Procure alguém, se faça refém
das emoções pulsantes.
Só queira um amor
que te dê uma flor,
que te faça sorrir
e te faço sentir estar viva,
estar para vida.
18.09.96


Verbusando

Penso sento. Sinto frio.
Lenço sofro. Grito rio.
Deito fico. Arrepio.
20.07.96




Opostos

Você se vê diante de uma calmaria
desejando fortemente uma tempestade.
Se vê diante de um forte
desejando ardentemente estar numa ponte.
Se vê diante de um monstro
desejando um anjo.
Se vê pegando em rosas
mas adoraria ter os espinhos.
Se vê entre alegrias
e sem notar lhe vem junto a tristeza.
Se vê diante do amor
e quer apenas a solidão.
Sempre opostos
são os desejos do coração felizmente, 
algumas vezes, inalcançados.
08.12.96



Cenário de um fim

Percorria solitária as ruas
com lágrimas nos olhos
e sorriso triste nos lábios.
Caminhava sem rumo,
seguindo apenas em frente
como se fosse o certo a fazer.
Mas no fim do caminho
estrada de caminhões.
Os pés alados em frente seguiam.
E como em câmera lenta:
um freio, um grito, um encontro ...
voou sonhando com a eternidade.
08.12.96 




segundo ano: 1995

Nunca é tarde …

Nunca é tarde para tentar
se encontrar, se perdoar, se amar,
se respeitar, se viver...
Mas se você acha que o tempo já passou.
Tente assim mesmo,
encontrar a si mesmo,
perdoar os que te feriram,
amar só por amor,
respeitar todos que tem sentimentos
e viver sempre a vida.
17.01.95



Sol, mar e vento

Caminhando pela praia com o sol
a bater no meu rosto
e o vento a enrolar-se nos meus cabelos.
Sinto como se a minha vida
se resumisse apenas a esse momento.
Único e mágico.
Parece que o passado não existe
é apenas eu, o sol, o mar e o vento.
Num simples e único momento,
mas que também é pura alegria
e por isso transforma-se numa vida inteira.
17.01.95




Mar

Doce mar me surge a frente.
Calmo e sereno,
me fazendo adormecer e sonhar.
Mas esse doce mar é enganoso.
Não se iluda, pois de uma hora para outra
ele se torna furioso,
fazendo estremecer a areia em volta
como se fosse exterminá-la.
Então o sono e o sonho acabam
ficando apenas a rede solitária na varanda
balançando ao vento.
18.01.95




Um bando de borboletas

Se os sonhos em seu coração se debaterem
em busca de liberdade,
deixe-os voarem livres
numa revoada , como um bando de borboletas.
Carregadas pelo vento para o infinito.
Mas não esqueça de protegê-los,
pois eles podem voar e se perderem.
Não voltando mais ao seu coração.
23.01.95




O progresso do tempo

O tempo passa, voam-se as horas.
As pessoas mudam
de dentro para fora.
Os sonhos ficam.
As horas mudam, o tempo voa.
As pessoas demoram a se modificar,
os sonhos ainda ficam.
O tempo muda, as horas passam.
As pessoas voam, vão para a eternidade
e os sonhos?
Os sonhos renascem em outros corações.
23.01.95






Solidão a Dois


Da festa fez-se a tristeza,
da alegria a agonia.
Está solitária a casa no alto da montanha,
apenas um ipê amarelo
faz-lhe companhia.
Mudaram-se todos para a capital,
lá a esperança brilhava
mais forte nos corações.
Fez-se silêncio na casa abandonada,
apenas um ipê amarelo
balança ao vento
fazendo com que uma chuva
de flores cor de ouro caia
enfeitando-lhe o telhado
como num gesto de compreensão.
Amigos ali se tornaram para sempre,
o ipê amarelo e a casa abandonada
compartilhando da mesma solidão.
14.02.95


Lembranças ao vento

O vento desenrola os fios do meu cabelo
como uma doce carícia 
me fazendo lembrar dos seus toques.
A luz cheia brilha radiosa no horizonte negro.
Observo-a solitária
e solitária a lua também está,
mas ela me faz companhia,
me fazendo sonhar com beijos e abraços.
São toques efêmeros que fazem queimar.
Logo esqueço a realidade
e nada mais existe ao meu redor,
apenas inesquecíveis lembranças
que ficaram marcadas no passado.
17.03.95

Caminho vazio

Não adiante olhar e procurar você.
O caminho está vazio,
assim como meu coração.
Vazio e cheio ao mesmo tempo.
Cheio de lembranças que nós dois vivemos.
O caminho está vazio, continuo a observar,
somente a chuva cai me consolando,
mas faz com que me sinto mais sozinha ainda.
Porque me faz lembrar de nós dois
e eu estou sozinha agora.
A chuva e o caminho vazio,
que não consigo esqueceram
são como companheiros enquanto com o olhar
procuro você no caminho vazio.
07.04.95


Uma doce garota

Lá vai uma doce garota com cara de anjo,
percorrendo sozinha as ruas da cidade
em busca de sonhos,
que não firam suas mãos e nem seu coração.
Suas mãos que inocentes tentam segurar
pesadas e ardentes fantasias.
Seu coração que já sonhador busca encontrar
alegria pelas ruas da cidade
para assim sair espalhando seus sonhos
em cada coração encontrado.
Como se fosse um raio de sol
para aquecer a todos,
em todos os momentos.
01.06.95



Flores Crescendo na Escuridão

Corri o mundo em busca de sonhos.
Encontrei revolta em todos os cantos.
Uma busca de ilusão, encontrei apenas dor,
destroços da esperança.
A paz destruída pela ganância, pela arrogância.
Um odor e podridão envolvendo o mundo.
Flores crescendo na escuridão, sonhos despedaçados,
risos transformados em gritos, corações ressecados
pelo ódio. Gritos, gritos, gritos.
Uma busca de amor, um encontro com a dor.
Mas a esperança é sempre renovada 
apesar de encontrar
guerras e pessoas que odeiam o amor.
Uma busca pelo mundo, onde só nasce e cresce
pessoas de caráter ganancioso e vingativo.
Não surge nunca no fim da viagem uma esperança.
Essa busca, lembrei-me não tem fim,
pois a esperança sempre resiste, apesar de não
encontrá-la no mundo encontro-a em mim.
24.08.95


Ajude-me a Atravessar a Eternidade

Ajude-me a atravessar a noite.
Corro desertas e escuras ruas,
sinto dedos e mãos
a tentarem me agarrar.
A escuridão se apossa das ruas
onde caminho sozinha, sem proteção.
Ajude-me a atravessar os montes.
São escorregadios e íngremes,
machucam meus pés,
fazem-me cair e rolar barrancos,
perco a respiração
ficando cansada e desamparada.
Ajude-me a atravessar a ponte
que leva a vida.
Em baixo fica a morte,
se cair, segure-me a mão.
Segure a minha vida pela mão.
Não deixe que a noite, os montes e a ponte.
Derrubem-me,
desamparem-me,
machuquem-me.
Ajude-me a atravessar a eternidade.
25.11.95